quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma análise sobre a adaptação psicossocial da criança diabética


O Diabetes é diagnosticado, não só em adultos, mas também em adolescentes e crianças. A incidência de diabetes infantil, em muitas partes do mundo, vai de 3 a 5 % por ano, tornando-a a doença endócrina mais comum a afetar crianças". Diabetes Voice 

Após o diagnóstico do diabetes é necessária a mudança de comportamentos e aquisição de novos hábitos. Quem melhor do que a criança para entender que esta é uma fase de aprendizagem espontânea por excelência.

Todo o investimento feito na modelagem do seu comportamento, ou seja, apresentação de modelos ideais que a criança possa imitar, nesta etapa, trará lucros ao longo de toda a sua vida.

Nenhuma criança absorve passivamente o que lhe é ensinado, uma vez que adapta toda essa informação às suas necessidades de crescimento, quer na experiência de situações frustrantes e traumatizantes, quer na experiência de situações de prazer, valorização e autonomia.

A diversidade de estímulos sociais constrói o seu desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, tornando-a única e com personalidade própria.

O diagnóstico do diabetes numa criança não afeta apenas a si,. mas abala toda a estrutura familiar, tanto no seu funcionamento prático do dia-a-dia (mudança de hábitos e horários alimentares), como também na sua esfera emocional e afetiva, vendo-se obrigada a lidar com várias angústias, dentre as quais: o choque perante o diagnóstico, a sensação de impotência para resolver a situação, a dependência dos profissionais de saúde, ter de infligir "dor" na sua criança, através das injeções e muitas vezes, culpa, e procura desesperada de explicação para o aparecimento do diabetes.

Ao lado desta família, como um todo, existe a criança que tem que lidar com as suas angústias individualmente. Deste modo, mostra-se imprescindível por parte dos profissionais de saúde, dar apoio que ofereça segurança e desmistifique os medos e expectativas, bem como um apoio a toda a família, de forma a promover o reequilibrio emocional, integrando esta nova situação.

A adaptação psícossocial das crianças ao diabetes depende da sua maturidade física, cognitiva e emocional. Divididos em três grandes faixas etárias, apresentamos em seguida, alguns aspectos que mais se evidenciam e para os quais os pais deverão ter maior atenção.

0-3 ANOS

A relação com os pais é primordial e são estes que alternadamente devem administrar insulina e medir glicemias num ambiente seguro e tranqüilo, uma vez que a incapacidade da criança em entender o tratamento leva a que este seja interpretado como uma punição.

Muitas vezes, por sofrimento e para compensar a criança, os pais podem tornar-se demasiado permissivos, não estabelecendo limites, regras e imposições que são fundamentais para o adequado crescimento da criança e sua integração num mundo social mais amplo.

4-7 ANOS

A criança tem uma vida imaginária muito fértil e não tem, como os adultos, a noção de causa-efeito na utilização do raciocínio lógico, podendo, assim, culpar-se pela sua doença ou sentir o tratamento como um castigo. A fantasia pode assumir proporções irreais.

Os pais devem abordar o assunto tentando perceber e desmistificar as dúvidas do seu filho, mesmo não sendo ele a apresentá-las.

Deve ainda ser percebida e antecipada a comparação que é feita com as outras crianças não diabéticas. 

8-11 ANOS

Nesta fase, as necessidades de identificação, de pertencer a um grupo, e de participar em jogos e atividades com os colegas, são fundamentais e devem ser estimuladas pelos pais e educadores que, por outro lado, muitas vezes as inibem, por exemplo, por medo das hipoglicemias.

A superproteção, além de impedir o que é mais importante nestas idades, a construção de uma auto-estima forte e auto-determinação, reforça as limitações e diferenças que a criança possa sentir. Isto não é sinônimo de permissividade total ou entrega dos cuidados do diabetes apenas à criança, uma vez que esta não tem ainda maturidade para gerir as doses de insulina a administrar nas diferentes situações, embora já tenha capacidade para fazer a auto injeção.

Aqui o gosto espontâneo pela aprendizagem deve ser aproveitado pelos pais, explicando odiabetes com a mesma naturalidade com que são explicadas outras matérias.

Devem ser ouvidos os pontos de vista da criança e "negociados" os comportamentos na medida do possível, estando desta forma a valorizar e estimular a sua autonomia. 



http://www.portaldiabetes.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=68

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