quarta-feira, 9 de maio de 2012

Diabetes e Crescimento - infância e adolescên­cia

Esse assunto é muito discutido entre as mamães de crianças DM1, pois o hormônio do crescimento interfere no controle das glicemias, as doses de insulinas devem ser ajustadas, exige de nós muita paciência. Já estou me preparando para a quando a Giovana chegar na Puberdade... 
Vamos ficar atentos, para que o crescimento de nossos filhos seja o mais normal possível e livre de complicações.


O Diabetes Mellitus tipo l, ou DMl é uma doença auto-imune que evolui com destruição das células beta pancreáticas e resultando na redução da produção de insulina e aumento da glicemia. Pode ocorrer em qualquer faixa etária, embora geralmente acome­ta crianças e adolescentes. Os sintomas iniciais típicos são a poliúria, ou urina em excesso, a polidipsia, bebe-se mui­ta água e perda de peso. 
Esses sintomas decorrem de que sem insulina não há aproveitamento de glicose pelo organismo, já que é a insulina quem trans­porta a glicose para as células. Os pacientes passam por uma fase de desidratação e desnutrição, perdendo liquido, proteína (músculo) e gordura. Esse processo pode ocorrer no diagnós­tico ou durante a evolução, sempre que o controle metabólico do DM não for adequado.

As fases de infância e adolescên­cia diferem da fase adulta em uma característica fundamental: o cresci mento. 0 crescimento normal depende de vários fatores - genéticos, hormonais, nutricionais, ambientais e até psicológicos. Se algum deles está desequilibrado pode haver desaceleração no crescimento e comprometimento da estatura final.

Na época da adolescência ocor­re o desenvolvimento da puberdade, a partir da produção dos hormônios sexuais - a testosterona no menino e o estrógeno na menina. É nesta épo­ca que acontece o chamado estirão de crescimento, que também está relacionado ao aumento de GH, ou hormônio de crescimento.

A partir do momento em que o diagnóstico de diabetes é feito, se inicia a fase de educação sobre a doença, salientando-se os riscos de complica­ções agudas e crônicas, bem como sua relação com o controle controle metabólico.

Num primeiro momento, é importante a família compreender que, durante a fase de crescimento, é esperado que a dose diária de insulina seja progressivamente reajustada devido ao aumento das necessidades do organismo. Essa informação é importante, pois muitos pais acreditam estar havendo uma "piora" do controle, resultando daí preocupações desnecessárias. A elevação da dose de insulina é realizada de acordo com os controles e deve se dar lentamente, na maioria das vezes com modificações de 10 a 20%, da dose total, para que haja redução do risco de hipoglicemia.

Um período especialmente difícil de se controlar bem o diabetes é o da puberdade. Nessa fase há produção de hormônios masculinos, a testosterona, e femininos, o estrógeno, que modificam a composição corporal e promovem o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Juntamente a essas alterações há a elevação dos níveis de hormônio de crescimento, o GH, que além de acelerar o ritmo de crescimento, antagoniza a ação da insulina, fazendo com que haja uma tendência à piora do controle metabólico. Por essa razão, é bastan­te comum o aparecimento da primei­ra descompensação nessa faixa etária e também de internações depacientes que antes da puberdade apresentavam bom controle.

É uma fase em que os adolescentes crescem mais rápido e necessitam de doses mais elevadas de insulina.
Por todos estes motivoas é necessário intensificar o controle nesse mo­mento, com aumento do número de exames de glicemia capilar (ponta de dedo). Além disso. não só a glicose total de insulina deve ser aumentada, como também maior número de aplicações podem ser necessárias para que o controle não fique prejudicado. Se a necessidade de diminuição de insulina não foi detectada precocemente, deve haver elevação da glicemia e até evolução para a cetoacidose diabética, quadro grave que exige internação e cuidada intensivos.

Não devemos esquecer de estimular a atividade física, de preferência a prática de esportes, para aumentar o gasto calórico, integrar criança com os colegas e provocar melhor desenvolvimento possível.

Portanto, durante a infância e adolescência. é fundamental que a família e os profissionais que cuidam do paciente estejam atentos para que o controle do DM seja mais rigoroso, evitando assim que o paciente tenha complicações agudas e que o crescimento da criança e adolescente ocorra de forma normal, sem prejuízo dseu desenvolvimento puberal ou da estatura final.

Dr. Luis Eduardo Procópio CalliariDr. Luis Eduardo Procópio Calliari

Professor Assistente-Mestre da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Professor Assistente do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Membro do Departamento de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Vice-Presidente do Departamento de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Fonte: Jornal Dia a Dia

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