segunda-feira, 16 de maio de 2011

Hipoglicemia na escola


Hipoglicemia é a complicação aguda mais comum do diabetes tipo 1. Certamente é uma situação de grande preocupação dos pais e também entre os professores que permanecem diversas horas por dia com crianças e adolescentes diabéticos.

Segundo a Associação Americana de Diabetes, a hipoglicemia é caracterizada  pelos níveis de glicose no sangue abaixo de 70 mg/dL. Ela geralmente ocorre por excesso de insulina administrada, pela redução na alimentação ou ainda pelo aumento do gasto energético, como nas atividades físicas.
A escola é um local onde as crianças geralmente brincam no momento do intervalo, praticam atividades esportivas e, muitas vezes, deixam de comer adequadamente para brincar com os colegas. Desta forma, é um ambiente no qual é comum a ocorrência de episódios de hipoglicemia, porque gastam muita energia (glicose) sem ingerir a quantidade necessária para manter o equilíbrio do organismo.
Assim, é importante que as crianças maiores, adolescentes e professores saibam reconhecer os sintomas da hipoglicemia, para que o tratamento seja realizado em tempo hábil e corretamente (quadro 1).
Quadro 1. Principais sinais e sintomas da hipoglicemia.
Sintomas iniciais
(adrenérgicos)
Sintomas mais graves
(neuroglicopênicos)
Alteração de
comportamento
Alterações
inespecíficas
PalidezDificuldade de concentraçãoIrritabilidadeDor de cabeça
TremoresVisão dupla ou borradaChoro inconsolável (bebês)Náuseas
SudoreseConfusão mentalPesadelosFome intensa
Taquicardia
(coração acelerado)
Perda de consciência
e convulsão
Mudança inexplicável
de comportamento
Cansaço
Sempre que uma criança ou adolescente apresentar os sintomas acima, o diagnóstico de hipoglicemia é muito provável. Quando possível, medir a glicemia capilar e, se ela for menor que 70 mg/dL, isso comprova o diagnóstico. Nos casos em que não há possibilidade de se realizar o teste, os sintomas clínicos acima são suficientes para confirmar a hipoglicemia e deve-se instituir o tratamento.
Segue abaixo uma sugestão de tratamento, mas cabe lembrar que é sempre importante seguir as orientações do médico do paciente.
Tratamento da hipoglicemia na escola
  • Deixar a criança em repouso.
  • Oferecer algum alimento/líquido com açúcar (15 a 20 gramas de carboidrato) tipo:
    • 150 ml de refrigerante normal;
    • 150 ml de água com uma colher de sopa de açúcar;
    • 1 sachê de açúcar (glicose - 15 g);
    • 2 a 3 balas tipo caramelo que a criança deve chupar rapidamente.

  • Após 15 minutos, se possível, repetir a glicemia capilar. Se a glicemia ainda estiver menor de 70 mg/dL, ou nos casos em que não há como se realizar o teste e a criança não apresentar melhora clínica, então é necessário repetir a correção de açúcar exemplificado no item 2.
    Entretanto, se a glicemia estiver maior que 70 mg/dL ou se clinicamente a criança ou adolescente já estiverem com recuperação dos sintomas, seguir para o item 4.
  • Após a recuperação, é importante oferecer um lanche (15-20 gramas de carboidrato) para manter a glicemia estável e sem riscos para um novo episódio de hipoglicemia.
  • Exemplos:
    • bolacha salgada (4-6 unidades);
    • barra de cereal;
    • lanche com pão, queijo ou presunto;
    • uma fruta (ex: maçã média).
  • Se houver boa recuperação, encaminhar a criança de volta às atividades escolares. É sempre importante avisar aos pais sobre o ocorrido.

Durante uma crise de hipoglicemia, orienta-se não oferecer chocolate nem leite, pois esses alimentos contém gordura que dificultam a absorção do açúcar, podendo retardar a recuperação da criança.
Caso a criança apresente uma hipoglicemia grave, ela pode ficar confusa e até desmaiar. Nessa situação, colocar um pouco de açúcar ou mel na parte interna da boca, massagear a gengiva e encaminhar a um serviço médico. É importante não forçar a criança a comer ou beber, pois quando uma pessoa está inconsciente o alimento pode ser aspirado para os pulmões, uma situação muito grave.
Apesar do detalhamento do manejo das crises potencialmente graves, felizmente o quadro de hipoglicemia mais comum nos pacientes diabéticos é leve, com poucos sintomas e que respondem rapidamente ao tratamento quando corrigidas em momento oportuno e, dessa forma, não evoluem para hipoglicemias graves.
Em resumo, hipoglicemia na escola é uma situação frequente entre os diabéticos tipo 1. É importante o professor saber reconhecer os sintomas e iniciar o tratamento para evitar uma hipoglicemia grave.
Drª Adriana Beletato S. Balancieri
Médica pediatra, especialista em Endocrinologia Pediátrica. Professora do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá e Integrante do Centro de Diabetes de Maringá – Paraná.

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