quinta-feira, 17 de março de 2011

Cetoacidose Diabética

Cetoacidose Diabética   


A cetoacidose diabética consiste em uma complicação do diabetes mellitus ocorrendo, principalmente, nos pacientes portadores do diabetes tipo l. De forma geral, pode-se entendê-la como uma falta de insulina para uma determinada necessidade. Por exemplo, se um paciente vem sendo, habitualmente, controlado com uso diário de 50 U de insulina e reduz a dosagem sem orientação médica, poderá apresentar cetoacidose. Outro exemplo relaciona-se com a presença de infecções quando o metabolismo orgãnico aumenta, ocorrendo a necessidade de doses maiores de insulina.


A insulina é o hormônio responsável pelo aproveitamento da glicose no organismo, funcionando como uma chave de abertura das células permitindo a entrada do açúcar. Quando ocorre, por qualquer razão, uma carência de insulina, as células se vêem privadas de seu principal combustível, ou seja, da glicose. Nesta situação 0 organismo vai exigir outras fontes de energia que não necessitem da insulina para seu aproveitamento, recorrendo aos depósitos de gordura. Para esse aproveitamento da gordura corporal como fonte energética, ela é então transformada em ácidos, conhecidos como corpos cetônicos, que serão utilizados como fonte de alimento para as células. A persistência da carência absoluta ou relativa de insulina faz com que se eleve muito os níveis desses ácidos no sangue, tornando-o acidificado, o que é extremamente danoso para o organismo.


Concomitantemente ocorre acúmulo a glicose sangüínea que não está sendo aproveitada pelas células elevando a taxa da glicemia a níveis muito altos. A acidose sangüínea e a hiperglicemia conduzem aos sintomas típicos da cetoacidose, tais como sede excessiva, volume urinário elevado, mal estar, desidratação, náuseas e vômitos, respiração acelerada e dores abdominais. Se não tratada pode evoluir para um quadro comatoso, chamado de coma diabético. É importante ressaltar que níveis elevados de glicemia sem acidose sangüínea não caracterizam o quadro de cetoacidose. Pacientes mal controlados, utilizando doses insuficientes de insulina, podem apresentar níveis elevados de glicemia mas com insulina bastante para evitar a instalação da acidose. Portadores de diabetes do tipo 2 apresentam eventualmente cetoacidose quando acometidos de infeções graves ou traumas.


As causas mais freqüentes de cetoacidose em diabéticos do tipo 1 são as infecções, (urinárias, pulmonares, dentárias, entre outras) o uso inadequado ou em doses insuficientes de insulina, ou ainda a omissão de aplicação da insulina. É comum o diagnóstico de diabetes do tipo 1 ocorrer em indivíduos que não tinham conhecimento de sua condição de portadores de diabetes e apresentando quadro de cetoacidose. É importante a atenção aos sintomas descritos para possibilitar a pronta correção. Atualmente, são disponíveis no mercado uma variedade de fitas que detectam a presença dos corpos cetônicos, urinários e sanguineos. O usuário de insulina, ao sentir dor abdominal, odor de acetona no hálito e taxas de glicemia persistentemente elevadas (acima de 250 mg/dl) devem verificar a presença de corpos cetônicos, na urina ou no sangue. Evidenciada a hiperglicemia com corpos cetônicos, positivos na urina ou sangue devem buscar imediato auxílio médico para correção da cetoacidose. O médico avaliará a presença de infecção, necessidade de aumento de dose de insulina e hidratacão orientando 0 tratamento da cetoacidose. Corretamente identificada e tratada, a cetoacidose diabética é absolutamente curável. Todo usuário de insulina deve manter em estoque as fitas de controle de glicemia e os aparelhos de medição, chamados glicosímetros e também fitas para pesquisa de corpos cetônicos, urinários ou sanguineos.

Algumas regras ajudam na prevenção do estabelecimento da cetoacidose. 


a) manter sempre em casa um frasco de insulina de ação rápida para correção de descompensações do diabetes. 

b) estar sempre atento ao uso correto da dosagem de insulina e estar seguro de que não omitiu doses. 

c) diante da presença de uma infecção conhecida, como dor de garganta, infecção urinária, resfriados ou presença de febres, realizar 3 a 4 vezes ao dia o controle da glicemia e pesquisar corpos cetônicos, na urina ou sangue. 

d) fazer controle glicémico antes da prática de atividades físicas. Diante de níveis superiores a 300 mg/dl os exercícios devem ser evitados. 

e) na presença de qualquer dos sintomas referidos de cetoacidose, realizar controle de glicemia e pesquisa de corpos cetônicos, na urina ou sangue. 

f) em caso de glicemias persistentemente maiores que 250 mg/dl, também proceder a pesquisa na urina ou sangue. 

Finalmente, ao suspeitar de cetoacidose, procurar imediatamente o seu médico ou um hospital.



Dr. André Fernandes Reis é endocrinologísta da Escola Paulista de Medicina.


http://www.portaldiabetes.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=433

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