sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Diabetes em Crianças - como lidar com esta situação ?

O diagnóstico do diabetes na criança se apresenta como um grande impacto na vida de toda família. Nesta fase inicial, os pais experimentam grande abatimento e ansiedade frente às mudanças que começam a ocorrer com o início do tratamento e suas novas imposições, como a dieta balanceada, o exercício físico e principalmente a tomada da insulina, que para muitos pais e filhos é a tarefa mais difícil.

Mesmo sabendo que a injeção de insulina é muito pouco ou nada dolorida, sua aplicação é culturalmente associada à dor ou ao castigo. Quantas vezes na nossa infância ouvimos a frase: “Se você sair na chuva e ficar doente, vai tomar injeção...” É preciso muito cuidado para não transferirmos nossos medos e dificuldades para a criança. Não podemos esquecer que algo que é difícil de ser lidado por alguém, não necessariamente acontece da mesma forma com os outros.

O diabetes na criança é geralmente diagnosticado de forma abrupta e, muitas vezes, a hospitalização se faz necessária. Neste momento, as crianças não conseguem entender muito bem o que está ocorrendo e algumas até se permitem tirar proveito da situação à medida que se sentem no centro das atenções perante a família e à equipe multiprofissional que a está assistindo, pois passa a estar muito mais rodeada de cuidados e carinho. Sem contar com as novidades do tratamento, como por exemplo, o aparelho para medir glicemia, variedade de alimentos dietéticos que antes não eram conhecidos e tão pouco utilizados.

Com o passar do tempo, sentindo-se fisicamente bem, a criança geralmente não é capaz de compreender o porquê da série de cuidados pelos quais se vê cercada e, à medida que percebem as limitações e mudanças como duradouras e irreversíveis, podem passar a vivenciar o diabetes como uma agressão ou punição.
É comum às crianças sentirem-se castigadas pelo diabetes e tentam justificar o seu diagnóstico através da fantasia de se perceberem más, briguentas com os irmãos, porque estavam indo mau na escola ou por gostarem e terem comido muito doce.

A ansiedade e o medo encontram-se muito presentes no dia a dia da criança com diabetes. Podemos perceber que grande parte da resistência em fazer os testes de glicemia reside na dificuldade em lidar com resultados insatisfatórios para um bom controle do diabetes, vivenciando o medo das complicações agudas e crônicas.

Não podemos deixar de considerar que a criança tenta presentear a família e os profissionais de saúde com um bom resultado nos testes, gerando em torno destes, grande expectativa, decepção, frustração e incapacidade. Tanto os pais, quanto às crianças, devem compreender que o teste de glicemia não passa de um meio para que seja tomada uma atitude frente a um determinado resultado, ou seja, uma resposta dentro de um padrão adequado para um bom controle significa que o tratamento esta adequado. Um resultado ruim significa que é preciso que seja revisto algum aspecto do tratamento para poder torná-lo adequado.

O sentimento de culpa dos pais pelo diabetes do filho, faz com que desenvolvam uma atitude de excessiva permissividade para com o filho diabético, gerando um clima de ciúmes e inveja entre os demais irmãos, além de facilitar o desenvolvimento de um comportamento manipulador e de rebeldia no portador da doença, que passará a usar o diabetes como uma arma contra tudo e todos.

Faz-se necessário, neste momento, o apoio familiar, principalmente dos pais e da equipe multiprofissional para que a criança consiga um equilíbrio entre o tratamento, o conhecimento teórico e pratico acerca do diabetes, amor e limites.

Não se sentindo diferentes das outras crianças e, conseqüentemente, não desenvolvendo um sentimento de inferioridade por ser portador de diabetes, a criança poderá se adaptar, gradativamente, ao tratamento de maneira segura, independente e feliz.

Grande parte dos problemas psicológicos e sociais da criança com diabetes pode ser minimizado com o apoio familiar e a compreensão dos aspectos fundamentais do diabetes e seu tratamento por meio da leitura, de pesquisa e da participação em Programas de Educação em Diabetes, como por exemplo, as associações, grupos de estudo, acampamento de férias; todos com o objetivo de desmistificar e banir tabus e preconceitos relacionados ao diabetes e seu tratamento.


http://www.portaldiabetes.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=10001157

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